“Duas crianças se feriram enquanto brincavam de espetar uma à outra com agulhas de seringas que haviam sido jogadas num terreno baldio. Uma dona de casa tentou acabar com a brincadeira e também acabou ferida”.

Quando a inadequação do descarte de resíduos se junta à falta de informação sobre o risco potencial desse tipo de material, surgem casos como este que aconteceu em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. No lixo, havia também outros materiais hospitalares, cuja origem é desconhecida.

Situações como esta acontecem cotidianamente em todo território nacional, isso para não dizer no resto do planeta. Existe uma preocupação muito grande em relação ao lixo Hospitalar o que não deixa de ser necessário, já que este apresenta verdadeiramente risco eminente para a população e o meio ambiente, porém, o Brasil gera cerca de 149 mil toneladas de resíduos urbanos por dia, e estima-se que a geração de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) represente de 1% a 3 % deste volume (entre 1,49t e 4,47t). Existem regras para o descarte dos Resíduos de Serviços de Saúde. Elas estão dispostas na Resolução n° 306 de dezembro de 2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Entre elas, uma estabelece que a segregação, tratamento, acondicionamento e transporte adequado dos resíduos são de responsabilidade de cada unidade de saúde onde eles foram gerados.

Em termos de regulação, na esfera federal, o país dispõe de normas ambientais e de vigilância sanitária, complementadas por outras estaduais e municipais. Os órgãos estaduais e municipais de meio ambiente são responsáveis pelo licenciamento ambiental dos empreendimentos de tratamento e disposição final de resíduos e a devida fiscalização.
A população deve denunciar aos órgãos locais de Meio Ambiente, casos de inadequação dos aterros sanitários. A reclamação deve ser feita à Vigilância Sanitária do estado ou município em caso de irregularidade cometida por unidade de saúde. As normas reguladoras da vigilância Sanitária e do Meio Ambiente estabelecem critérios de fiscalização e aplicação de penalidades.

Partindo do princípio que lixo hospitalar é caracterizado por resíduos gerados por prestadores de assistência médica, odontológica, laboratorial, farmacêutica e instituições de ensino e pesquisa médica relacionados tanto à população humana quanto à veterinária, possuindo potencial de risco, em função da presença de materiais biológicos capazes de causar infecção, objetos perfurantes-cortantes potencial ou efetivamente contaminados, produtos químicos perigosos, e mesmo rejeitos radioativos, requerem cuidados específicos de acondicionamento, transporte, armazenamento, coleta, tratamento e disposição final.

Este artigo tem como finalidade a conscientização da população através de questionamentos tais como:

Quando
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faz a utilização em sua casa ou em seu trabalho de materiais perfuro cortantes (seringas, agulhas, lâminas), tais como diabéticos que têm que injetar insulina todo dia e fazem isto em casa. Para onde vão estes milhões de agulhas diárias?Onde e como você os descarta?Toma cuidado de embalar e colocar em locais apropriados?Ao depositar junto ao lixo domiciliar para ser recolhido pelo serviço de coleta urbana, toma o devido cuidado de embalá-los para que não possa ferir o coletor?
 Para onde vão as nossas gazes, algodões, bandêides sujos com nossos sangues, pús e outras secreções? Se você ou alguém de sua família por algum motivo faz um curativo, ou volta para casa depois de uma cirurgia, onde descarta as ataduras e curativos quando os retira?Será que aquela, que o cachorro estava brincando lá na rua, depois de ter rasgado a frágil sacolinha em que havias depositado não era a sua? Parecia que ele havia atacado uma múmia!
 Quando vai a um laboratório fazer um exame de sangue, e volta com aquele curativo no local da perfuração, você tira durante o trajeto e joga ali mesmo no chão ou se preocupa em fazer isso em um local apropriado e de forma segura?
 Quando usa uma droga injetável, se preocupa em utilizar material descartável e individual ou aproveita o embalo e os compartilha com outros e no final ainda deixa jogada por ali mesmo, afinal, vocês nem estão ali não é?Estão ”viajando”!
 Quando vai fazer uma tatuagem ou colocar um piercing, você se preocupa em verificar se o profissional descarta os materiais utilizados de forma correta?
 Quando morre seu animalzinho de estimação, você procura saber se existe em sua cidade um sistema de coleta?Quem sabe você coloca em um saco plástico e o junta ao lixo doméstico para ser levado nos dias de coleta, afinal ele era tão pequenino!Ou, enterra no quintal quando é grande demais para não ser notado!Quem sabe aquela boca de lobo aberta lá na rua...
 Todos nós compramos remédios, sejam eles para automedicação, seja quando vamos a um médico, nem sempre utilizamos todo o conteúdo da caixinha, estas sobras ficam lá no nosso armário, prateleira, caixinha de primeiros socorros, ou seja, lá onde for até certo tempo. Depois expira seu prazo de validade. O que você faz com eles?
 Você mulher de certa idade, desfaz-se de algumas centenas de mililitros de sangue todo mês. Para onde vão os seus absorventes, seja você portadora de doenças ou não?
 Doentes que estão em casa, portadores de bactérias ou vírus, portadores do HIV, os portadores de hepatite, os que têm herpes, giardíases, amebíases, leishmanioses, etc., para onde vão os seus resíduos?
 E você que se lembrou de ter praticado outra irregularidade no seu dia a dia e que foi esquecida de mencionar neste artigo, pare e pense, você agiu de maneira correta e segura?Interrogações e mais interrogações...

Portanto, o que faz o lixo hospitalar ser tão asqueroso aos nossos olhos?

 A falta de esclarecimento.

Nada de tão complicado que não possa ser feito com uma simples informação.

• Fontes: COELHO, Hamilton. Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde. Fundação Oswaldo Cruz editado em 2001.
• Saúde: lixo hospitalar exige cuidados especiais. Portal Jornal da Mídia. Disponível em:Acesso em 01 de out de 2008.

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